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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aqueles.

Ela não sabia que aquilo valia tanto, aquilo, aquilo que ela fazia. Fazia sempre por prazer, passava horas ao deleite de toda aquela externalização de sentimentos e emoções, era um calor que vinha do abdômen na garganta, que arrepiava a nuca e assim ela voltava para atividade e continuava ali, bailando, indo e vindo, voltando, indo de novo, parando, pensando, continuando.
Tinha prazer em pegar com gosto nele e fazer tanto, através dele mostrava tudo o que queria e o que sentia, era a parte mais importante daquilo tudo, ele! Pegava com firmeza, com carinho, com moleza, e assim como fazia aquilo fazia com ele, bailava, ia e vinha, voltava, ia de novo, parava, pensava, continuava. Era tudo tão assim até o dia que cobrara, cobrara para fazer aquilo com ele. No momento pôs graça, fez e aconteceu, foi longo, rebuscado, intenso e lindo, mas depois dele, mesmo fazendo espontaneamente, não teve mais prazer, colocara naquilo um valor de troca material e nunca mais o fez como fazia. "Ah se o tempo voltasse", dizia, aquilo e ele continuariam sendo aqueles.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um pouco do meu dia-a-dia acadêmico.

Os dias andam mais "científicos" do que poéticos. Fim de semestre, loucura-loucura, portanto vou postar um texto que fiz para uma matéria aí do meu curso, , um pouquinho de conhecimento econômico embutido nessa artéria poética também faz parte da vida de uma prolixa reclusa no Mato Grosso.



A Gênese da Industrialização Brasileira


A implantação da República em 1889 foi tomada de forma pacífica, não houve manifestações populares e foi totalmente aceita pela burguesia, porque o Brasil Republica nada mais seria que a instituição do poder burguês, o que condizia com a realidade social dos cafeicultores, cujo produto era o principal para a Economia do país no momento.

No início da República encontraram-se inúmeros obstáculos para a industrialização, podendo citar a crise do café, em vista da superprodução, onde o governo decide dar subsídio aos cafeicultores, comprando o excedente de café produzido, fazendo com que os produtores de café se interessassem em produzir numa escala maior que a demanda para receber os incentivos do governo, assim instala-se a crise do café sendo consolidada com a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929. Assim sendo encontrava-se um péssimo sistema financeiro em decorrência de até então este ter se baseado na escravidão, a qual chegava ao seu fim, e por sempre ter voltado sua economia para a exportação, portanto não havia uma política monetária interna.

No entanto preocupar-se-ia com a ausência da mão-de-obra escrava, ou seja, começam os investimentos em mão-de-obra livre, entrando em cena a imigração. A perda de dinheiro investido em escravos teria que ser compensada com a ampliação do crédito para lavoura e exportação.

Tal instabilidade econômica (e também a política) fez com que fosse necessária a adoção de algumas medidas nos primórdios da República.

Assim, Rui Barbosa, Ministro da Fazenda do Governo Provisório autoriza a emissão de moedas e lança ações para o financiamento de empresas, tal medida gerou uma febre especulativa, assim o Brasil “mergulha” em uma crise financeira, a qual ficou conhecida como Encilhamento (refere-se ao clima de euforia e aventureirismo em face da especulação com capitais de crédito e nas bolsas de valores).

O governo estimulou a criação de empresas concedendo empréstimos facilmente sem muita burocracia, assim ocorre o aparecimento de empresas fantasmas como especulação causando uma crise no mercado, pois de tal forma os bancos vieram a falência, seus cofres foram esvaziados com o “empréstimo sem limites”, assim as empresas faliram também, causando inflação, tal crise coincidiu com a crise de superprodução do café, ou seja, uma junção de fatores que fizeram com que o Brasil entrasse integralmente em crise.

Porém, no governo de Campo Salles foram adotadas políticas para reverter a crise que se instalara no Brasil. Foi concedido empréstimo pelo Funding Loan no valor de 10 mil libras, cuja divida foi dada como garantia a receita da alfândega brasileira. Esse recurso foi investido em obras de infra-estrutura: malha ferroviária, energia elétrica, saneamento, aumento das importações. Com essa “reerguida” o Brasil volta a ter credibilidade, o mercado começa a depositar confiança na política econômica brasileira.

A efetivação da industrialização no Brasil passou por inúmeros obstáculos, desde o começo da história do país, os tratados com a Inglaterra, o pacto colonial, como já foram mencionados, foram grandes dificultadores para a industrialização brasileira.

Durante os ciclos do açúcar, ouro e café ocorreram surtos de industrialização, mas nada que se firma-se como a industrialização no país propriamente dita, tal ocorreu aqui no Brasil de forma tardia, podemos exemplificar que no século XIX já ocorria a Segunda Revolução Industrial e a indústria brasileira era insignificante.

A partir da década de 1880 que o Brasil começa a viver a industrialização e o seu crescimento, tendo como base a estrutura econômica que havia se criado em torno da produção cafeeira.

Assim, foi incentivada a produção manufatureira no Brasil, como na Europa, o produto pioneiro da industrialização no Brasil foi o tecido, as primeiras indústrias dessa época voltava-se para a produção têxtil. Com o tempo tais indústrias foram diversificando a sua produção, fabricando variados tipos de tecidos, de cores diferentes. Partindo dessas indústrias, investiu-se na produção de juta, chapéus, foram surgindo novas indústrias, como a de beneficiamento de trigo, produção de cerveja, de fósforos, metal-mecânica, houve então a modernização da produção açucareira.

Todo esse desenvolvimento industrial se deu graças a acumulação de capital feita pelo período do auge da cafeicultura, de 1880 a 1930, até mesmo porque o impulso da produção cafeeira foi responsável pela urbanização do Estado de São Paulo, a qual propiciou a implantação de diversos serviços públicos, o que daria condição para se instituir um centro urbano, gerando emprego e renda para o consumo dos produtos industrializados.

“As medidas concretas para a industrialização foram tomadas durante o Estado Novo. As dificuldades causadas pela Segunda Guerra Mundial ao comércio internacional favoreceram essa estratégia de substituição de importações. Em 1946 começou a operar o primeiro alto-forno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. A Petrobrás foi criada em outubro de 1953.

O nacionalismo da era Vargas foi substituído pelo desenvolvimentismo do governo Juscelino Kubstischek (1956 a 1961). Atraindo o capital estrangeiro e estimulando o capital nacional com incentivos fiscais e financeiros e medidas de proteção do mercado interno, JK implantou a indústria de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e veículos, com o objetivo de multiplicar o número de fábricas de peças e componentes. Ampliou os serviços de infra-estruturas, como transporte e fornecimento de energia elétrica. Com os investimentos externos e internos, estimulou a diversificação da economia nacional, aumentando a produção de máquinas e equipamentos pesados para mecanização agrícola, fabricação de fertilizantes, frigoríficos, transporte ferroviário e construção naval. No início dos anos 60 o setor industrial superou a média de crescimento dos demais setores da economia brasileira.”.(http://www.brasilescola.com/historiab/industrializacao-brasileira.htm)



domingo, 22 de novembro de 2009

Aos meus amores.

(...) "sinto tamanha necessidade de sua amizade.
Posso entrar em sua casa sem vestir um uniforme, sem submeter-me à recitação de um Alcorão. Junto de você, não tenho de me desculpar, não tenho de pedir, não tenho de provar; encontro a paz. Se sou diferente de você em vez de lesá-lo aumento-o. Eu agradeço ter me recebido tal qual sou.
Meu amigo, sinto necessidade de você como de um pico onde se respira! Sinto necessidade de debruçar-me junto de você, uma vez ainda, nas margens do Saône, sobre a mesa de um pequeno albergue de tábuas separadas, e de convidar dois marinheiros, em companhia dos quais brindaremos na paz de um sorriso semelhante ao dia." (...)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ms. São José Laura.

Quando a gente decide tomar um rumo muitas coisas que se quer conhecemos nos esperam e tantas outras que conhecemos, e nos apegamos ficam aqui esperando nosso retorno. Não é fácil abandonar, seja temporariamente, as coisas que ficam, por ja as conhecemos e atribuimos um valor a elas, esse valor é o custo que pagamos por um tempo para nos apegarmos a outras coisas que não conhecemos. Não é toda pessoa que tem coragem de fazer isso, de entrar na caverna do desconhecido onde parece que a luz ficará iluminando a retaguarda. Deus não concedeu asas a nós, mas nos concedeu pernas e um coração que vive de novas emoções, as pessoas que sempre gostam de mudar sua condição são aquelas que Deus direcionou uma luz rara, a luz de bucar o novo. Se essas pessoas não existissem nada do que temos hoje existiria pelo simples medo de tentar. A gente almeja, planeja, espera e sonha, nem sempre tudo sai do jeito que a gente pensou. Frustração é uma palavra feia, de um fonema pesado, mas são poucos, como você que entendem o grandioso valor que ela agrega na vida de uma pessoa, a frustração é simplesmente o reconhecimento de que não sabemos tudo e que aceitamos que aquilo que pensamos não é uma verdade absoluta. Você, Laura, reconhece isso, sabe da capacidade de ir além, pois quem pensa que sabe tudo é porque simplesmente estagnou no tempo e acha que nada após sua condição vai lhe atribuir algum valor. Você vai, a gente fica, aprendendo e sentindo as coisas que passarão por sua percepção. Tire fotos, grave, filme, mas toda a experiência que ficar dentro de você e toda a imagem que ficará gravada la no fundo dos seus olhos é propriedade sua. Nada como se esquecer dos obstáculos, pegar as malas, au revoir e viver.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cansei de gente meia boca. Gente que vive mais ou menos, que ama mais ou menos, que estuda mais ou menos, que bebe mais ou menos, que viaja mais ou menos, que dorme mais ou menos, que é mais ou menos feliz, mais ou menos depressivo, mais ou menos casado, mais ou menos solteiro, que beija mais ou menos, que é virgem mais ou menos, que é mais ou menos bom de cama, que come mais ou menos, que anda mais ou menos, que cozinha mais ou menos, que é presente mais ou menos, que se ausenta mais ou menos.
Faça uma lista de grandes amigos e perceba que nem todos são grandes assim, que uns simplesmente são inertes e que outros nem merecem existir.
Ao invés de usar filtro solar, não insista em gostar de alguém que não goste de você, não insista demonstrar um amor que não tenha o minimo de reprocidade. Toda mulher tem mania de gostar de cara que tem problema, renite, artrite, esquizofrenia, psicopatia, depressão, burcite, reumatismo, sindrome do panico, hepatite, ciumes doentio, cinco divorcios nas costas, 3 filhos pra pagar pensão, possessivo e pode fazer anos (até mais anos que a própria parceira tem) que ele tem todas as enfermidades e distúrbios a culpa de tudo isso é sempre dela, implicitamente, o cara diz ter se adoecido de amor. Acho que esses homens querem ter uma mãe gostosa, ao invés de parceira, uma parceira assim, mais ou menos mãe, mais ou menos mulher. Me poupe.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Pensamentos nacionais em escritas estrangeiras, passatempo no time off das aulas.

I was just thinking about myself. I think that myself troubles can be yourselves troubles, because we are human being anyway.
Nowadays we are bothered to get money, to get much more money and to do it we spend all of our lifetime. So, what is the importance to have too much money if you don't have time to spend it?
I suggest that we would spend our time with ourselves - of course we have to have a time to get money - it would make we get less money, but we'd spend it in a have fun time and not accumulate in a bank account to take it with us under the ground in the end of life.
Life is to live, not to be saved!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Por quê?

Por que você veio e tentou reacender a nossa chama? Depois de exatos onze meses você veio, veio com as mesmas palavras que usava pra me tratar com carinho, por algum momento senti a faísca daquele fogo que tinhamos dentro de mim, mas me lembrei das suas palavras carinhosas do passado que de repente transformavam-se em punhais, essa lembrança foi a água que apagou o início de chama.
Você foi o tipo de homem que eu amei demais, me apaixonei demais, me entreguei demais, me senti bem demais, me dediquei demais, mas pela paixão ser demais esqueceu de fazer eu enxergar que demais é excesso e excesso faz mal.
É como comer pepino e ir dormir, o amor que era tão aliviador ficou indigesto, o seu retorno me trouxe um pouco de repugnância misturada com a lembrança do amor que tive e do conforto que tinha em seus braços.
Parece que agora suas palavras chegam num vidro blindado o qual meu coração está dentro e retorna, depois de tanto tempo, confesso, tinha medo do seu retorno e eu esquecer todos os punhais e te presentear com a minha boa vontade, mas vejo que tão cedo descobri o amor próprio, e fico feliz agora em saber que realmente o tenho.

sábado, 7 de novembro de 2009

A minha magia.

Aquela mulher entrou na minha sala como se fosse dela. Era altiva, os olhos compridos que se escondiam atrás de um óculos de aros invisíveis, corpo esguio, todos os fios de cabelo milimetricamente colados no couro cabeludo com gel e terminavam em um coque muito bem feito, tinha a pele parda, os olhos bem negros e uma cintura bem colocada, era mais uma das funcionárias públicas da Universidade que estudo, assim como as demais, chegam na nossa sala de aula interrompendo o raciocínio e o fluxo de pensamento munidas de um maço de panfletos informativos de alguma atividade que a faculdade vai fazer. E assim ela fez pedindo com licença, quase que automaticamente, para o professor. Foi nos falar de um festival de Teatro que aconteceria nos proximos dias ali nas dependências da faculdade, com uma fala muito bem ensaiada, disse da importância do teatro como dominadora do assunto, colocando um toque poético de atriz nada condizente com sua aparência.
Pela primeira vez quis dar ouvidos para as informações que aqueles inúmeros funcionários iam nos dar todos os dias na nossa sala seguidos de dois toques na porta como pedido de licença. Assim como aquela mulher me adestrou, fui ao auditório da Universidade assistir a uma peça teatral do festival.
Era um palhaço que estava no palco, mas não era um palhaço comum, não era daqueles palhaços que fazem coisas alegres e nos tiram meio sorriso como que por obrigação de rir depois de uma graça infundada. Ele tinha um jeito áspero e rude, falava com uma voz rouca e firme quase incompreensível, acredito que ele queria nos atentar para suas expressões faciais e corporais ao invés do que saia pela sua boca.
Eu ri bastante, quase que descontroladamente, o que mais me fazia rir era ver as crianças totalmente envolvidas pelo palhaço, ele fez seu jeito rude ser cômico.
O teatro é uma coisa fantástica, a gente se sente lá no palco junto com o artista e por algum momento pensa como ele é sem aquelas maquiagens e simultaneamente estamos totalmente envolvidos pelo persongem que esquecemos que ele é um ser humano comum como nós. Por mais que haja esse enlace sentimental com a apresentação a gente sabe que está ali, sentado na cadeira e o que o mundo la fora continua rodando no seu compasso, que ele nao parou pra gente sentar ali e viajar, mas também nos desligamos do mundo e achamos que tudo se resume àquele holofote com um personagem, que o mundo é maravilhoso e perspicaz nos seus sentidos.
Diferente do que a gente almeja no mundo fora do auditório do Teatro, que é alcançar a luz, quando estamos no mundo teatral a luz é o fim de tudo, é o que nos sinaliza que aquele mundo mágico acabou, que está na hora de nos levantarmos e irmos de volta pro mundo real.
Ali, naquele teatro, vendo o fim da vida daquele palhaço no palco me deu essa sensação descrita, senti que na minha escravaninha lá no mundo real, milhares de conhecimentos científicos me esperavam para serem compreendidos e toda aquela magia viraria palavras, palavras registradas para que um dia eu as leia e lembre com saudade.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Querida Filha.

Além da loucura, Deus disse pra ela que tinha instinto materno. Que essa sua forma maluca de encarar o mundo era uma aquisição de algum conhecimento para aquele filho que teria. No dia da sua fertilidade Deus disse: "Não quero um filho do teu ventre.". Automaticamente ela se assustou, ficou espantada, uma mistura de vazio com frustração, de angustia com confusão. Um dia, sentada num sofá cor gelo, na casa de uma parente sua, ve uma menina da pele tão branca quanto claras em neve, o cabelo loirinho que refletia cada luz do sol, um sorriso sincero, já não era tão menina mais, ja tinha corpo de quase-mulher, tinha seus dezesseis anos.
Mesmo com a vontade de um dia gerar um bebê no ventre com a alma enviada por Deus ela se encantou por aquela menina, quase da sua idade, essa menina fez desabrochar o seu instinto materno e o instinto protetor veio com o tempo, o seu nome combinava com a beleza que esbanjava, aquela luz de beleza que sai de dentro dos olhos e toma conta do espaço, sua graça Carolini.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sem.

Hoje a inspiração foi embora, estou tão em alfa com a cabeça lá nas férias que não consigo pensar em nada, só em Dezembro. Não acho que o que eu faço me estresse, nem me cansa, mas sei lá, estou de saco cheio de rotina, minha alma é borboleta e precisa abrir asas antes que volte a ser casulo.
Mas sabe do que gostei desse ano, que consegui direcionar minhas obrigações para o que gosto: lecionar e estudar, não que as condições que estou nas duas areas no momento me satisfazem, mas sei que é o início do caminho que vou seguir, esse caminho mesmo, lecionar e estudar, mas com muito mais conhecimento e muito mais dinheiro, porque eu sou capitalista e não vou com a cara do Fidel Castro, gosto de comprar os lançamentos do mercado, de internet, de roupa descolada, de cerveja e viagem a vontade. Me irrita quem cria comunidades no orkut e blogs a favor do comunismo, se realmente fossem comunistas não teriam computador, mas enfim, quem nunca se contradisse?
Mas é assim, fim de noite de terça-feira não me parece muito poético ou romântico, como um ilustre amigo meu diz, o abajur que fala ta ligado falando um monte de notícias-baboseira.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

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A brisa chegou no Mato Grosso e com o feriado dos mortos na segunda feira as amigas de que estudam na capital vieram, em especial a ruiva Heloisa. Queria um programa so desse sexo, fomos beber uma cerveja tão gelada quanto o clima que estava. Aquele cardume de mulher, porque somos peixas. Bebemos, rimos, comemos petiscos e assustamos os homens pra variar - nossos papos costumam ser incomuns e não compatível com toda a jovialidade e beleza e carregamos no rosto -. Era um posto de gasolina, numa daquelas conveniências, que não exigem maquiagem, salto ou qualquer roupa da moda. Dentre tantas risadas e colocações apelativas, escuto aquele som bem baixo, quase imperceptível vindo de uma caixa de som média parafusada na pilastra para fazer o som ambiente, era uma música que eu não ouvia há anos e que tanto gosto, não imaginei que na terra da música sertaneja escutaria essa música que tanto me toca os sentidos, não lembro o nome do cantor, só da melodia e ela mexeu comigo e com o meu passado de tal forma que até agora não saiu da minha cabeça..."your body is a wonderland, I'll use my hands...".

domingo, 1 de novembro de 2009

Velhamente jovem.

Há quem duvide que ela não tenha se entregado tanto para tantos homens de verdade, aquela sua posição assexuada de quem trabalha e faz faculdade, falando bonito, pesquisando profundo, a sua pouca idade parece que nega aquilo que ja viveu. Os homens que a querem criam em suas cabeças a sua fantasia de que ela ainda sabe pouco e de que são eles quem vão mostra-lhe o que é sexo de verdade. Ah! Mal sabe eles de quantas vezes ela ja suou num corpo masculino de meia-idade, quantas vezes ela ja se fez de iludida e puxou o tapete antes que fosse puxado o seu, as tantas posições além do kama sutra que ja fizera com esses tantos homens. Começara cedo na vida sexual, e se arrepende um pouco de ter largado a boneca que ganhou naquele ano para colar no suor masculino. A sinceridade com que abre sua vida é resquício da ingenuidade da sua idade. Esses homens, os anos passam, os séculos, e o seu desejo esquisito de romper uma pele perdura, não sabem ainda extrair o que há de melhor naquela doce jovem que ja se entregou tanto, não que agora ame menos depois de tanta entrega, mas precisa de mais, mais aceitação do que critica, mais elogio do que esculhambação.
A sua pele é branca, lhe conferindo um ar inocente, mas nada que uns dias sob o sol lhe tire essa aparência.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Aquela matogrossense tão tarde.

A tarde foi quente la fora e fria dentro daquela sala que eu tentava ensinar alguma coisa em outro idioma, eu via os raios solares baterem no vidro e dizerem adeus. Via as bolinhas de papel e apontadores subirem e descerem na mão daquelas crianças tentando mostrar alguma relação de superioridade fora do julgamento dos meus olhos quando eu traçava as novidades da língua inglesa naquele quadro de vidro, tão límpido quanto a manhã que acontecera.
O relógio logo se verticalizou, aquele tchau que a gente gosta de dar.
Confesso que chega o final do dia neste pedaço no Mato Grosso e o calor toma conta da gente, o sol já não está tão poético mais, ja perdeu sua geometria perfeita, parece ser um daqueles bicho-papões que a mãe diz que ta no armario, agora é ele, o monstro no armário azul, o monstro que brilha e esquenta. A cuia tão bonita na mão daquelas mulheres com água fervente está repugnante, imagino o liquido quente deixando seus corpos mais latentes.
Assim entro na minha casa, um mundo diferente daquele la fora, fresco, límpido, confortável, onde posso sair do Mato Grosso e lembrar daqueles outros lugares que ja morei.



Suor sem tesão é jantar chique sem ovas de esturjão.

Era tarde, tarde quente e solitária, com aquele sol escaldante do norte mato-grossense. O suor vinha da cabeça e parecia fazer curva nos dedos e colar na planta dos pés, sem gotejar, caminhando por cada traço do rosto, como um rio que acaba de estourar na nascente.
Não era a única tarde que era assim, e o desejo dela era não estar ali, sentindo que seu corpo entrava em erupção agoniante, desejava que fosse de tesão, mas era de tédio naquele semi-árido escondido dentro da densa amazônia.
Suplicava pelas noites médias, médias em ocasião e temperatura, abria uma fresta da janela para sentir aquele vento morno tocar o seu corpo, pedia uma cerveja gelada, mas lembrava que naquele bar só tocava música sertaneja.
Havia sete meses que estava reclusa naquele lugar, na convivência de pseudo-sertanejos, de músicas sertanejas da modinha, aquilo não era pra ela, não por não gostar da música, mas por falta da diversidade de cultura que ja tinha vivenciado um dia.
Foi ali que ela descobriu o inferno: calor, suor, tédio, pseudo-sertanejos, sem tesão.


Por Janaina Marques.

O leite berrou, bebi o leiteiro, o sol girou e a água fervendo.

A manhã matogrossense acorda morna, como o leite que o leiteiro deixou na minha porta seguido de um berro de presença. O céu é laranja, o sol aponta no horizonte facilmente por a terra ser plana, aqui neste nortão as árvores são longas, parecem ser empurradas pelos raios amarelo-ouro. Essa cidade parece um equilibrista, está em cima da corda entre o clima úmido amazônico e o clima excessivamente quente e seco do cerrado.
Ao espiar pela janela já posso ver as mulheres se acomodarem na frente das suas casas com suas cadeiras de praia que vêem mar uma vez na vida, elas pegam a cuia ja com a erva preparada e enche de água fervente, passam a cuia pela roda entre as outras como se fosse um ritual. Mas por que essa "sulice" nesse norte do Mato Grosso? Esse lugar é uma réplica cultural e urbana paranaense, catarinense e sul-riograndense numa clareira gigante e crescente como uma vida cresce depois de a fecundação.


por Janaina Marques.