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domingo, 2 de maio de 2010

Sem pé nem cabeça.

Volto a relutar com o fato de pensar. É um momento dolorido e prazeroso, é meu sexo intelectual. Sentar nessa escrivaninha, a mesma há muito tempo e mergulhar nos textos. Não, não sou literata, nem leio a tal da literatura poética, minha literatura é cética, científica, dura, versos em prosa, deve ser por isso que o que escrevo aqui não é muito poético, profundo apenas na sua essência explicativa e não no sentimento. Isso tem muito a ver comigo, as pessoas (sempre elas) me dizendo que sou cética e sarcástica. O primeiro, aparentemente sim, o segundo, essencialmente sim. Não sou de elencar minhas preferências que dizem respeito a minha emoção, essa por sua vez é muito frágil para ser exposta e é sempre por ela que as pessoas (sim, sempre elas) usufruem da sua má fé. O sentimento é muito raro e sensível pra ser tão exposto assim, é interessante enquanto posto como misterioso, é bom guardar ele dentro de si, prefiro expô-lo pelos olhos, uma vez estes arrancados me agregariam o perecer, porém se o sentimento é massacrado por sua exposição verbal torna-se um morto vivo, lhes tiraram o som que já foi propagado, não ficará sem voz, ficará com dor semelhante àquela de quem pensa demais, essa não mata, apenas flagela, o que considero pior.
O meu sentimento é digno de ser reconhecido por aqueles a quem eu o sinto, esses sim tem meu sentimento verbal, no olhar, no abraço, meu lado literata, a ausência do meu ceticismo e do meu sarcasmo, esses têm a mim doce, a minha mais verdadeira doçura e também um pouco da minha loucura.
Meus dias são assim, como meus textos, começam com razão e terminam com emoção e minha vida vai ser assim, como uma maré, dependo da lua, um dia mais vulnerável, outro dia mais dura, a pitada certa da inflexibilidade e da tolerância.