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domingo, 14 de novembro de 2010

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Você está em tudo, em todas as cores, em todos os gestos, em tudo aquilo que eu queria falar e não consigo, pois você está além de qualquer explicação ou palavra, de qualquer sentimento mundano, além da minha possível compreensão do que é estar aqui e amar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A mulher da sua vida.

Ela não é muito delicada, o jeito rústico dela até te irrita, ela fala palavrão, ri alto, grita, xinga, preguiça de maquiagem, de manicure, de roupa sexy pra ficar em casa, ela é tão ela, mas tão ela que é esculachada até demais.
Ela fica tão linda quando acorda, mesmo com os olhos inchados, os cabelos desconexos e o mau humor incomparável, ela resmunga, nem fala bom dia, mas você acha lindo isso, por mais que te irrite, e as outras coisas que te irrita você também acha lindo.
Na tpm ela é insuportável, fica carente, fica brava, briga sem razão, chora sem motivo, mas bem que você gosta de ver a cara dela de nervosa e que ela encharque tua camisa de choro. Ela tem um jeito de se encaixar no teu colo, parece um feto grande, se embola toda e se aconchega no seu colo que nem um gato.
Ela tem umas brincadeiras tão infantis, gosta de te fazer cócegas, de esconder suas coisas e com um sorriso gigante e escandaloso mostrar o que escondeu "Tá aqui seu bobo." Ela te deixa nervoso, apaixonado, amado, agitado, feliz, triste...ela é capaz de te provocar todos os sentimentos possíveis.
Sem querer ela fez você gostar dela, a se apaixonar por ela, a amá-la, o modo como ela consegue ser doce e amarga, inteligente e boba, menina e mulher, agradável e irritante simplesmente te encantou.
Ela não se parece com a Nicole Kidman muito menos com a Scarlett Johansson. Mas é ela a mulher que fez com que você sentisse aquilo que nenhuma réplica de top model fez, é ela a mulher que fez você perder o interesse em qualquer mulher que não fosse ela.
Existem tantas raras dessas no mundo e alguns homens ainda fazem questão de perdê-las.


sábado, 7 de agosto de 2010

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Depois de ter entrado no tornado, me sinto calma. Sabe aquele amor que vira ódio que vira sofrimento e se transforma em ternura? Estou assim, sentindo profunda ternura, o parasita que habitava o meu coração transformou-se em um bicho que pratica mutualismo. A gente tenta, se esforça, se machuca, releva. Mas e aí, as pessoas são diferentes da gente, ao passo que não superei as expectativas de alguém as minhas não foram superadas. Não que outra pessoa seja o meu encaixe, mas quem sabe que a maturidade que os anos nos concedem não faz a gente se distanciar da situação, analisar de fora e corrigir os erros para então viver a felicidade plena. Ninguém vive feliz plenamente sem conhecer aquele do qual espera complemento para a tal felicidade. Mas o meu medo é que os anos de modo que trazem sensatez e maturidade aumentam nossa intolerância. Quem sabe a vida de dois intolerantes no mesmo nível seja mais feliz, acredito que não façamos as coisas que não toleramos, assim a vida ficaria mais fácil quem sabe.
Não adianta, por mais que a gente queira esquecer o que aconteceu na vida a dois com outras pessoas, a gente não esquece. Assim sempre chegamos com uma armadura no próximo pra evitar sofrimento, é aí que criam-se outras feridas.
Eu me armei, entrei na batalha e quando já era guerra eu corri nua em meio ao tiroteio com os olhos fechados esquivando-me das balas por sorte, mas uma sempre passa de raspão, é a que mais arde e deixa a pior cicatriz. Tratei da ferida, agora ela já fechou.



quinta-feira, 22 de julho de 2010

Minas carnavalesca.

Carnaval. Pacote fechado. Eu. Kênya. Ônibus. Sinop. Cuiabá. Brasília. Belo Horizonte. Aí que começa a peripécia. Rodoviária de Belo Horizonte. 14:00. Lotada. Uma empresa pra levar todos para Ouro Preto. Desespero. Eis que vou eu atrás de uma van. Atravesso uma praça linda em frente a rodoviária de Belo Horizonte, tantos homens bonitos vindo ao meu encontro, eu rezava: "Espero que todos eles estejam em Ouro Preto". Achei! Não era uma van, era um doblô, 30 eu, 30 Kênya, fechado. Motorista mucholoco, ultrapassar na curva? Era o que ele gostava. Quase não aproveitei a paisagem de Belo Horizonte a Ouro Preto, era tudo muito rápido, mas que belas montanhas, que belos desfiladeiros! Lugar lindo, temperatura fresca, homens lindos, era o paraíso. Depois de 1 hora e 40 minutos estávamos em Ouro Preto, largadas em uma praça, rodeadas de muitos homens, nunca tinha visto tantos homens reunidos na minha vida e não conseguia achar um feio se quer. Lutamos pra procurar a república que fechamos o pacote, mas enfim achamos. Chegando lá além de homens lindos que nos recepcionavam, eram simpáticos, já vieram pegando a nossa bagagem para nos ajudar (em troca de outra coisa mais tarde, claro) e colocando em nossas mãos um copo de cerveja, geladérrimo, era tudo o que eu precisava. Banho, cheirosa para o mata-mata que é um carnaval em Minas Gerais. Mais tarde chega a minha amiga de Goiânia, Cecília, eu já estava bêbada, fora de mim, curtindo cada centavo que eu tinha pago daquele pacote. Meu Deus! Meu Deus! Era muito homem, quase nunca tive tanta opção para escolher. Os cariocas, os mais abusados, chegavam junto mesmo, não tinha tempo pra respirar, liberei toda a minha promiscuidade e minha libido naqueles dias. Ouro Preto, tantas ladeiras, a felicidade de estar lá fazia com que eu nem sentisse a dor de subir e descer as ladeiras. Nem tive tempo para avaliar os prédios históricos, o negócio lá era conhecer corpos. Homens educados, lindos, inteligentes (descobri isso quando dava tempo de conversar), não posso esquecer de falar das moças cariocas e paulistas que conheci lá, gente boníssima, do "crime" tanto quanto eu. Que experiência, que viagem! Sete dias de muitas histórias que não cabem ser expostas. A vista complementava toda a festança que era estar lá, muita bebida, muita diversão, quem passou a juventude sem ter vivido isso que eu vivi, não viveu. Fica aqui minha recomendação: Minas Gerais é o melhor lugar pra se viver, uai!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Orquídeas

Voltando para casa senti um cheiro de orquídea que me fez encontrar algo em minha memória que não se revelava, o cérebro relutou, aquela agonia que invade a espinha quando a gente quer lembrar e não consegue, aquela rusga entre os neurônios, aquela força, mas veio, veio que veio como se não tivesse feito força nenhuma, é como um avião que se esforça na subida e de repente encontra o equilíbrio e plaina.
Veio a imagem, assim como o passageiro olha pela janela do avião e entre as nuvens vê aquela imensa lagoa que agora mais se parece com uma poça d'água. Via em minha mente uma travessa chamada Nordeste, era a rua onde minha tia mora na cidade de Barra do Garças no Mato Grosso, belamente contornada pelo Rio Garças e pelo Rio Araguaia que delimitam a estreita fronteira com o estado de Goiás. Foi naquela casa que fecundei minha adolescência juntamente com minha prima que era cinco dias mais nova e seu presente amigo de longa data que fez-se meu amigo também de infância três meses mais novo que nós.
Mas por que o cheiro de orquídea me fizera relembrar esse lugar? Minha tia costumava encher de orquídeas um tronco de coqueiro e essas quando desabrochavam pela noite incendiavam o ambiente com um odor agradabilíssimo. Foi nessas noites regadas desse cheiro maravilhoso que eu vesti o primeiro salto, passei a primeira maquiagem, usei os primeiros brincos exagerados me aprontando ansiosamente para sair com a minha prima, o amigo e os demais colegas, a princípio era uma coca-cola, um x-bacon, alguns flertes com os adolescentes que passavam que rolavam nessas saídas, meia-noite em ponto estávamos em casa rindo de situações corriqueiras que haviam acontecido que pra gente eram grandes acontecimentos (um selinho, um olhar, uma pegada de mão ou ter visto alguém fazer tudo isso) embarcávamos no segundo round da comilança, atacávamos os doces da geladeira e íamos os três para o computador, escrever bobagens no messenger, postar algumas tolices no fotolog e depois, cama.
Acordávamos na hora do almoço (pausa, eu sempre acordei mais cedo), comíamos e íamos para a internet assim como fazíamos na madrugada, depois disso inventávamos uma comida e no fim do dia cada um partia para sua casa, pois afinal o dia seguinte seria segunda-feira.
Vivíamos grudados, todos os dias na escola, todas as tardes juntos, ora no curso de inglês, ora na padaria, me impressiona como comíamos naquela época e naturalmente hoje sinto todos os efeitos dessas exacerbações gastronômicas.
Tais heresias alimentares cessaram parcialmente quando descobrimos a bebida alcoólica, pelo menos não comíamos na rua, enchíamos a cara e assim chegávamos em casa e comíamos, nessa época já não havia controle de horário e também foi uma época que gastávamos pouco com a nossa bebida para nos tirar das perfeitas faculdades mentais, éramos fracos ainda, uma ice e bingo, todos alegres.
A partir dessa época descobri os homens, até então tinha sido os meninos, até ali nada passava do beijo na boca, mas enfim descobri o que era homem, o que era sexo, o que era aquele volume quando eu os beijava. Perder a virgindade foi uma loucura, eram cinco minutos que duravam uma hora, foi assunto para meses com a minha prima e meu amigo, a gente se encabulava ao tocar nele.
O tempo passou e o sexo ficou tão corriqueiro quanto a bebida, assim como bebida e saída eram diretamente proporcionais, homem e sexo estava seguindo a mesma lógica. Quebrei muito a cara, fui muito feliz, planejei, me decepcionei, às vezes estava nem aí, às vezes queria casar, às vezes queria foder e eles estavam ali, eles que até agora não revelei, mas quem me conhece sabem bem quem são: Ícaro e Lara, estavam sempre presentes nesses acontecimentos.
E todas essas andanças, histórias e descobertas tinham como fim o retorno pra casa da Lara (a prima), culminando com o cheiro das orquídeas, essas sim foram platéia da minha vida, em especial as que ali estavam penduradas, naquele coqueiro, daquela casa, elas juntamente com Ícaro e Lara assistiram tudo e em troca do espetáculo me deixaram o cheiro maravilhoso que em qualquer lugar que eu o sinta me faz vir à tona na mente todo o descrito.




segunda-feira, 24 de maio de 2010

Goiás

O que me mata nesse lugar é a saudade do Cerrado. O tanto asco que me dava aqueles galhos secos nos intermédios de Iporá, Piranhas e São Luis dos Montes Belos hoje se transformou na saudade que tenho do seco interior de Goiás.
Sinto saudade até do suor insuportável dos homens bêbados que eram pegos em meio a estrada nos barzinhos que ali ficavam, o famoso ônibus pinga-pinga a caminho da Cidade de Goiás.
Valia a pena passar por uma viagem insalubre como essa, a recompensa ao chegar a cidadezinha histórica era grande. Gostava do coreto, tinha um chafariz pintado a mão, branco e azul e um hippie que ali ficava cujo a simpatia me incomodava profundamente, simpatia mercante. Ali vivi o meu primeiro show do Pedra Letícia, a minha primeira viagem de mochila com o meu eterno companheiro da vida, Ícaro. Sabia que seu nome lhe agregaria as asas da estrada e assim me acompanharia até de ônibus atravessando o sertão baiano como fizera.
Goiás, Goiás, eu que tanto desejei ter você por perto assim me afastei por longos dois mil quilômetros em direção ao perigoso sul do Pará, de floresta amazônica nativa empoeirada, sem horizonte, tudo muito plano, a unica coisa que me agrada nessas estradas é o tapete verde que a soja forma, o tapete sem fim.
Goiás, eu que tanto desfrutei da sua lindíssima capital, o tanto que vivi nela em tão pouco tempo, o tanto que fui feliz aí, ainda carrego um resquício dessa felicidade pra suportar aqui.
Saudade do capoeirão, saudade do cerrado campo sujo, saudade do baru amargo, saudade do cheiro de pequi que nunca gostei, saudade do Maria Isabel, do feijão tropeiro copiado de Minas, saudade dos índios bororós carregando seus rebentos no bakité feito com toda minúcia, saudade das suas noites quentes com vento gelado, das suas manhãs ensolaradas e frias, das suas tardes quentes insuportáveis.
Goiás, um dia volto pra você.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O preço da felicidade.

A princípio não tinha romantismo, o contrato de paixão era sexual: um olhar, um beijo e cama. Pregava como Jesus o fez debaixo de chuva e sol em Jerusalém, porém pregando outra profecia: a de se entregar quando sentisse vontade, sem lembrar que existia por parte da sociedade a repressão da sexualidade feminina.
Por vezes foi romântica, se apaixonou por alguém, mas não conseguia ser de um só, em cada homem via algo que complementava o outro: o tom de pele, o tom de voz, o corpo, o jeito, o beijo, o sexo. Por hora se sentiu mal, com medo das coerções da sociedade monogâmica a qual vivia, sentia que não teria nada duradouro agindo assim, mas era desse jeito que desejava viver e seria feliz, casos curtos, repentinos, paixões avassaladoras que durariam pouco, mas que lhe trariam felicidade e ao término de uma iniciaria outra lhe provocando as mesmas maravilhosas sensações.
Para que viver tanto tempo ao lado de uma pessoa que ao passar o tempo da paixão avassaladora te trataria como parte da sua rotina? Como um móvel da casa? Como um lugar ocupado da cama? Como uma pessoa pra dividir a conta de água e luz?
Ah! Se dependesse dela, ela manteria a paixão por muitos anos, até a velhice, mas infelizmente isso estava dependendo do outro e nem tudo sai da maneira que planejamos.
Deus a proteja, Deus que cuide do coração dessa moça, que desse seu jeito viajante vai flagelar muito ainda esse coração, mas na intenção de ser feliz constantemente. É apenas o preço da felicidade.