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domingo, 2 de maio de 2010

Sem pé nem cabeça.

Volto a relutar com o fato de pensar. É um momento dolorido e prazeroso, é meu sexo intelectual. Sentar nessa escrivaninha, a mesma há muito tempo e mergulhar nos textos. Não, não sou literata, nem leio a tal da literatura poética, minha literatura é cética, científica, dura, versos em prosa, deve ser por isso que o que escrevo aqui não é muito poético, profundo apenas na sua essência explicativa e não no sentimento. Isso tem muito a ver comigo, as pessoas (sempre elas) me dizendo que sou cética e sarcástica. O primeiro, aparentemente sim, o segundo, essencialmente sim. Não sou de elencar minhas preferências que dizem respeito a minha emoção, essa por sua vez é muito frágil para ser exposta e é sempre por ela que as pessoas (sim, sempre elas) usufruem da sua má fé. O sentimento é muito raro e sensível pra ser tão exposto assim, é interessante enquanto posto como misterioso, é bom guardar ele dentro de si, prefiro expô-lo pelos olhos, uma vez estes arrancados me agregariam o perecer, porém se o sentimento é massacrado por sua exposição verbal torna-se um morto vivo, lhes tiraram o som que já foi propagado, não ficará sem voz, ficará com dor semelhante àquela de quem pensa demais, essa não mata, apenas flagela, o que considero pior.
O meu sentimento é digno de ser reconhecido por aqueles a quem eu o sinto, esses sim tem meu sentimento verbal, no olhar, no abraço, meu lado literata, a ausência do meu ceticismo e do meu sarcasmo, esses têm a mim doce, a minha mais verdadeira doçura e também um pouco da minha loucura.
Meus dias são assim, como meus textos, começam com razão e terminam com emoção e minha vida vai ser assim, como uma maré, dependo da lua, um dia mais vulnerável, outro dia mais dura, a pitada certa da inflexibilidade e da tolerância.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Às vezes eu não queria pensar, queria ser um vegetal, onde ali fica fixado apenas vendo as belas abelhas e borboletas ali pousarem, um aspecto bonito de admirar as pessoas, porém sem nenhuma reação a elas, apenas um ser estático esbanjando beleza e nada mais, ainda assim existem vegetais que são feios, azar desses que além de serem estáticos, não oferecem nada.
Pensar realmente dói, minha cabeça pulsa com tanta coisa que eu penso, ela dá giros doloridos, ela se exercita de modo a me cansar fisicamente, sinto que perco calorias no simples fato de sentar na minha escrivaninha e pensar.
Ainda hoje neste mundo tão contemporâneo, as pessoas agregam um caráter masculino ao fato de pensar: só ando com mulheres, graduanda em um curso essencialmente masculino, sou vista lendo, bebendo, fumando ou discutindo ideias pelos cantos, com certeza a minha fama nessa fétida cidade é de "caminhoneira".
Sempre vejo os homens acompanhados de belos troféus e por um momento da minha vida pensei que era apenas aquilo que os interessavam, meu defeito foi analisar apenas os troféus que carregavam e não quem o carregava, com certeza esse não sabe nem metade do que é a dor de pensar.
Quando era mais jovem eu tentei me transformar num troféu, mas acabei vendo que não tinha talento pra aquilo, eu falava demais, discutia demais, perguntava demais, meu biotipo também nunca ajudou para que eu fosse um troféu a la Miss Universo.
Na minha formação pessoal, isso me incomodou, era mais uma coisa para eu pensar, para refletir me presenteando com fortes dores de cabeça, sim, quando eu penso demais a dor de cabeça é física, digna de algumas gotas de dipirona.
A construção da minha pessoa crítica foi dolorida e ela ainda está em construção e eu ainda sinto as dores, assim como uma criança aos seus 8 anos onde suas cartilagens estão crescendo. "Crescer dói", em todos os sentidos.

domingo, 25 de abril de 2010

Divinamen(T)e.

Mais do que nunca, sinto que no meu ventre há o poder da vida, por todos esses anos pensei onde poderia ser a casa de Deus, mas sinto que é ali, no meu útero.
A esperança da vida e do amor mora ali, é uma semente ainda não plantada, mas que pode ser sentida. É o instinto humano que começa tomar conta de mim, é se olhar no espelho e se ver mãe a qualquer momento dessa década.
Inevitável olhar para um pequenino sem pensar que poderia ser seu, é entrar nas lojas e não passar sem perceber as minuciosas roupinhas, os delicados sapatinhos, é andar na rua e focalizar nas grávidas, é ter vontade de por a mão naquela barriga tão divinamente modelada e sentir como se estivesse dentro de você.
Sinto que algo tão espirituoso vem me preparando aos poucos, é uma luz que se abateu sobre mim, me tornando mais calma, mais madura. O mais interessante de tudo é que já enxergo a família, o pai da criança sendo este o presente amor da minha vida. É tudo muito calmo, é tudo muito límpido, é tudo muito luz. Eu sinto recebendo um dom.

Amar.

A vida é assim, uns dias a gente sorri, nos outros nem tanto, mas o que se diz respeito ao amor é imutável, o amor é o mesmo. Tudo precisa de um pouco de fé, um pouco de paciência, um pouco de tolerância, amar nos engrandece, a gente aprende a se equilibrar. Agradeço a Deus por ter me concedido o poder de amar de verdade, dizer "eu te amo" é fácil, mas não é qualquer um que vive o amor, que doa um rim por amor, que perde uma perna, um braço e até mesmo a vida por amor.
Minha vida poderia ser mais longa talvez se eu não amasse tanto, amor de amiga, amor de filha, amor de namorada, amor de neta, amor de prima, amor de sobrinha e num futuro tão desejado, desfrutar do amor de mãe. A gente faz loucuras por amor, se arrisca, se machuca, se entrega, talvez seria mais cômodo não amar ninguém, seria mais cômodo ter um vazio aqui dentro, sendo que o amor dói e cura ao mesmo tempo. Eu escolhi assim, viver o dom de Deus, amar muito e morrer sabendo que botei um pouco de esperança no coração, um pouco de sentimento das pessoas que eu amo. Vai ser sempre assim, vou brigar por quem eu amo, brigar com quem eu amo, afagar quem eu amo, botar no colo quem eu amo, fazer a pessoa mais feliz quem eu amo e também frustrá-la para que ela melhore pra si. Vou acertar, vou errar e isso pode me entristecer por um momento, mas pra mim o que importa é o motivo: o amor.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Felicidade.

Corre, se ajoelha, sofre, ama, chora, se desgasta, se doa, se empresta, se vende e se dá. Se perde, se esquece, se deixa pra depois, não se ama, não se valoriza, não se prioriza. Acorda, levanta, se valoriza, esquece-os, lembra-se, se ama, se doa pra si, se empresta pra si, se dá pra si. Felicidade.

A Linha.

Por mais que anda-se em cima do muro, existem os extremos e está tão perto de tocá-los o quanto menos imagina-se. Vive-se os dias, as alegrias, as ofensas, as brigas, as pazes, as euforias, os medos, as (in) seguranças, as escolhas. Ah! As escolhas, essas são a mãe dos extremos, nunca sabe-se qual escolha se fará para continuar em cima do muro, isso não é comodismo, é um equilíbrio, é a balança entre as forças, o problema é que andamos em cima desse muro sem ao menos saber onde ele está, ninguém sabe onde mora o equilíbrio, às vezes anda-se em cima dele sem saber onde está pisando. É feliz aquele que pondera, aquele que consegue se enxergar de fora, infelizmente esse não sou eu. Vivo pulando de um extremo para o outro com extremas euforias e profundas infelicidades, sou o famoso 8 ou 80, ou é, ou não é, não existe meio termo. Tem dia que acordo A, tem dia que durmo B, tem dia que eu quero, no outro, nem sei mais se quero, tem dia que dá vontade de ficar, tem dia que dá vontade de sumir, tem dia que dá vontade de ser lembrado, já em outros casos, vontade de ser totalmente esquecido. Tem dia que é maravilhoso ser eu, tem dia que não consigo conviver comigo, tem que sou a mais mulher do mundo, tem dia que sou a pior da classe, tem dia que sinto-me amada, tem dia que me sinto nada, mas todos os dias sou lembrada como inconstante.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O amor não
tem
Forma
nem
Cor
tem.