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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Por quê?

Por que você veio e tentou reacender a nossa chama? Depois de exatos onze meses você veio, veio com as mesmas palavras que usava pra me tratar com carinho, por algum momento senti a faísca daquele fogo que tinhamos dentro de mim, mas me lembrei das suas palavras carinhosas do passado que de repente transformavam-se em punhais, essa lembrança foi a água que apagou o início de chama.
Você foi o tipo de homem que eu amei demais, me apaixonei demais, me entreguei demais, me senti bem demais, me dediquei demais, mas pela paixão ser demais esqueceu de fazer eu enxergar que demais é excesso e excesso faz mal.
É como comer pepino e ir dormir, o amor que era tão aliviador ficou indigesto, o seu retorno me trouxe um pouco de repugnância misturada com a lembrança do amor que tive e do conforto que tinha em seus braços.
Parece que agora suas palavras chegam num vidro blindado o qual meu coração está dentro e retorna, depois de tanto tempo, confesso, tinha medo do seu retorno e eu esquecer todos os punhais e te presentear com a minha boa vontade, mas vejo que tão cedo descobri o amor próprio, e fico feliz agora em saber que realmente o tenho.

sábado, 7 de novembro de 2009

A minha magia.

Aquela mulher entrou na minha sala como se fosse dela. Era altiva, os olhos compridos que se escondiam atrás de um óculos de aros invisíveis, corpo esguio, todos os fios de cabelo milimetricamente colados no couro cabeludo com gel e terminavam em um coque muito bem feito, tinha a pele parda, os olhos bem negros e uma cintura bem colocada, era mais uma das funcionárias públicas da Universidade que estudo, assim como as demais, chegam na nossa sala de aula interrompendo o raciocínio e o fluxo de pensamento munidas de um maço de panfletos informativos de alguma atividade que a faculdade vai fazer. E assim ela fez pedindo com licença, quase que automaticamente, para o professor. Foi nos falar de um festival de Teatro que aconteceria nos proximos dias ali nas dependências da faculdade, com uma fala muito bem ensaiada, disse da importância do teatro como dominadora do assunto, colocando um toque poético de atriz nada condizente com sua aparência.
Pela primeira vez quis dar ouvidos para as informações que aqueles inúmeros funcionários iam nos dar todos os dias na nossa sala seguidos de dois toques na porta como pedido de licença. Assim como aquela mulher me adestrou, fui ao auditório da Universidade assistir a uma peça teatral do festival.
Era um palhaço que estava no palco, mas não era um palhaço comum, não era daqueles palhaços que fazem coisas alegres e nos tiram meio sorriso como que por obrigação de rir depois de uma graça infundada. Ele tinha um jeito áspero e rude, falava com uma voz rouca e firme quase incompreensível, acredito que ele queria nos atentar para suas expressões faciais e corporais ao invés do que saia pela sua boca.
Eu ri bastante, quase que descontroladamente, o que mais me fazia rir era ver as crianças totalmente envolvidas pelo palhaço, ele fez seu jeito rude ser cômico.
O teatro é uma coisa fantástica, a gente se sente lá no palco junto com o artista e por algum momento pensa como ele é sem aquelas maquiagens e simultaneamente estamos totalmente envolvidos pelo persongem que esquecemos que ele é um ser humano comum como nós. Por mais que haja esse enlace sentimental com a apresentação a gente sabe que está ali, sentado na cadeira e o que o mundo la fora continua rodando no seu compasso, que ele nao parou pra gente sentar ali e viajar, mas também nos desligamos do mundo e achamos que tudo se resume àquele holofote com um personagem, que o mundo é maravilhoso e perspicaz nos seus sentidos.
Diferente do que a gente almeja no mundo fora do auditório do Teatro, que é alcançar a luz, quando estamos no mundo teatral a luz é o fim de tudo, é o que nos sinaliza que aquele mundo mágico acabou, que está na hora de nos levantarmos e irmos de volta pro mundo real.
Ali, naquele teatro, vendo o fim da vida daquele palhaço no palco me deu essa sensação descrita, senti que na minha escravaninha lá no mundo real, milhares de conhecimentos científicos me esperavam para serem compreendidos e toda aquela magia viraria palavras, palavras registradas para que um dia eu as leia e lembre com saudade.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Querida Filha.

Além da loucura, Deus disse pra ela que tinha instinto materno. Que essa sua forma maluca de encarar o mundo era uma aquisição de algum conhecimento para aquele filho que teria. No dia da sua fertilidade Deus disse: "Não quero um filho do teu ventre.". Automaticamente ela se assustou, ficou espantada, uma mistura de vazio com frustração, de angustia com confusão. Um dia, sentada num sofá cor gelo, na casa de uma parente sua, ve uma menina da pele tão branca quanto claras em neve, o cabelo loirinho que refletia cada luz do sol, um sorriso sincero, já não era tão menina mais, ja tinha corpo de quase-mulher, tinha seus dezesseis anos.
Mesmo com a vontade de um dia gerar um bebê no ventre com a alma enviada por Deus ela se encantou por aquela menina, quase da sua idade, essa menina fez desabrochar o seu instinto materno e o instinto protetor veio com o tempo, o seu nome combinava com a beleza que esbanjava, aquela luz de beleza que sai de dentro dos olhos e toma conta do espaço, sua graça Carolini.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Sem.

Hoje a inspiração foi embora, estou tão em alfa com a cabeça lá nas férias que não consigo pensar em nada, só em Dezembro. Não acho que o que eu faço me estresse, nem me cansa, mas sei lá, estou de saco cheio de rotina, minha alma é borboleta e precisa abrir asas antes que volte a ser casulo.
Mas sabe do que gostei desse ano, que consegui direcionar minhas obrigações para o que gosto: lecionar e estudar, não que as condições que estou nas duas areas no momento me satisfazem, mas sei que é o início do caminho que vou seguir, esse caminho mesmo, lecionar e estudar, mas com muito mais conhecimento e muito mais dinheiro, porque eu sou capitalista e não vou com a cara do Fidel Castro, gosto de comprar os lançamentos do mercado, de internet, de roupa descolada, de cerveja e viagem a vontade. Me irrita quem cria comunidades no orkut e blogs a favor do comunismo, se realmente fossem comunistas não teriam computador, mas enfim, quem nunca se contradisse?
Mas é assim, fim de noite de terça-feira não me parece muito poético ou romântico, como um ilustre amigo meu diz, o abajur que fala ta ligado falando um monte de notícias-baboseira.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

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A brisa chegou no Mato Grosso e com o feriado dos mortos na segunda feira as amigas de que estudam na capital vieram, em especial a ruiva Heloisa. Queria um programa so desse sexo, fomos beber uma cerveja tão gelada quanto o clima que estava. Aquele cardume de mulher, porque somos peixas. Bebemos, rimos, comemos petiscos e assustamos os homens pra variar - nossos papos costumam ser incomuns e não compatível com toda a jovialidade e beleza e carregamos no rosto -. Era um posto de gasolina, numa daquelas conveniências, que não exigem maquiagem, salto ou qualquer roupa da moda. Dentre tantas risadas e colocações apelativas, escuto aquele som bem baixo, quase imperceptível vindo de uma caixa de som média parafusada na pilastra para fazer o som ambiente, era uma música que eu não ouvia há anos e que tanto gosto, não imaginei que na terra da música sertaneja escutaria essa música que tanto me toca os sentidos, não lembro o nome do cantor, só da melodia e ela mexeu comigo e com o meu passado de tal forma que até agora não saiu da minha cabeça..."your body is a wonderland, I'll use my hands...".

domingo, 1 de novembro de 2009

Velhamente jovem.

Há quem duvide que ela não tenha se entregado tanto para tantos homens de verdade, aquela sua posição assexuada de quem trabalha e faz faculdade, falando bonito, pesquisando profundo, a sua pouca idade parece que nega aquilo que ja viveu. Os homens que a querem criam em suas cabeças a sua fantasia de que ela ainda sabe pouco e de que são eles quem vão mostra-lhe o que é sexo de verdade. Ah! Mal sabe eles de quantas vezes ela ja suou num corpo masculino de meia-idade, quantas vezes ela ja se fez de iludida e puxou o tapete antes que fosse puxado o seu, as tantas posições além do kama sutra que ja fizera com esses tantos homens. Começara cedo na vida sexual, e se arrepende um pouco de ter largado a boneca que ganhou naquele ano para colar no suor masculino. A sinceridade com que abre sua vida é resquício da ingenuidade da sua idade. Esses homens, os anos passam, os séculos, e o seu desejo esquisito de romper uma pele perdura, não sabem ainda extrair o que há de melhor naquela doce jovem que ja se entregou tanto, não que agora ame menos depois de tanta entrega, mas precisa de mais, mais aceitação do que critica, mais elogio do que esculhambação.
A sua pele é branca, lhe conferindo um ar inocente, mas nada que uns dias sob o sol lhe tire essa aparência.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Aquela matogrossense tão tarde.

A tarde foi quente la fora e fria dentro daquela sala que eu tentava ensinar alguma coisa em outro idioma, eu via os raios solares baterem no vidro e dizerem adeus. Via as bolinhas de papel e apontadores subirem e descerem na mão daquelas crianças tentando mostrar alguma relação de superioridade fora do julgamento dos meus olhos quando eu traçava as novidades da língua inglesa naquele quadro de vidro, tão límpido quanto a manhã que acontecera.
O relógio logo se verticalizou, aquele tchau que a gente gosta de dar.
Confesso que chega o final do dia neste pedaço no Mato Grosso e o calor toma conta da gente, o sol já não está tão poético mais, ja perdeu sua geometria perfeita, parece ser um daqueles bicho-papões que a mãe diz que ta no armario, agora é ele, o monstro no armário azul, o monstro que brilha e esquenta. A cuia tão bonita na mão daquelas mulheres com água fervente está repugnante, imagino o liquido quente deixando seus corpos mais latentes.
Assim entro na minha casa, um mundo diferente daquele la fora, fresco, límpido, confortável, onde posso sair do Mato Grosso e lembrar daqueles outros lugares que ja morei.